Converter salário CLT para PJ é um cuidado obrigatório na hora de avaliar qual modelo de trabalho é mais vantajoso para empresas e profissionais.
Isso porque, mesmo com outros fatores importantes, o custo mensal do funcionário deve ser analisado. E quem pensa em deixar a carteira assinada para virar PJ precisa estimar se a mudança compensa financeiramente.
Pensando nisso, preparamos um passo a passo de como converter salário CLT para PJ. Além disso, você vai conhecer os principais pontos de atenção ao cogitar a mudança de regime, seja como profissional ou empresa contratante. Vamos lá?
Por que converter salário CLT para PJ?
Converter o salário CLT para PJ é um exercício necessário para entender o real valor da proposta, com base nos encargos, direitos e benefícios que mudam de um modelo para o outro.
Isso porque, no formato CLT, o funcionário tem direitos garantidos (como férias remuneradas, 13º salário e FGTS), além do salário mensal. Já no modelo PJ, só existe o pagamento acordado no contrato de prestação de serviço. Sendo assim, o profissional deve se organizar para compor reservas e garantir benefícios por conta própria.
Do ponto de vista da empresa, é importante considerar o custo real de um funcionário CLT (salário, direitos, benefícios e impostos). Em geral, ele costuma ser maior, justamente pelos acréscimos com direitos e impostos.
Esse formato de contratação também pode envolver mais processos burocráticos (para iniciar ou encerrar o contrato de trabalho e reter tributos, por exemplo).
Porém, as exigências específicas da função também contam. Afinal, não se pode exigir dedicação exclusiva, horários fixos e subordinação de um prestador de serviço PJ, pois isso pode caracterizar pejotização.
Pejotização é quando uma empresa exige que o profissional seja contratado como Pessoa Jurídica (PJ), mesmo que o trabalho tenha todas as características de um vínculo CLT, incluindo carga horária fixa, subordinação e exclusividade.
Esse tipo de prática é ilegal, por disfarçar uma relação de emprego para reduzir encargos trabalhistas. Por isso, a prática pode gerar multas e ações judiciais para a empresa. |
Leia também | CLT e PJ: entenda as diferenças na hora de contratar
Como converter salário CLT para PJ: passo a passo
Se você quer calcular se compensa virar PJ ou precisa definir o valor justo para contratar, siga este passo a passo:
1. Calcule o salário líquido na CLT
Comece estimando o salário líquido mensal. Para chegar ao salário líquido, subtraia os descontos referentes ao INSS e IRRF, conforme a tabela vigente de cada um.
Depois, adicione os valores proporcionais de 13º salário e férias + 1/3, FGTS e vale-transporte, que são obrigatórios e representam parte do custo do trabalho na CLT.
A propósito, para simplificar o cálculo do 13º, você pode aproveitar a nossa Calculadora de Décimo Terceiro da Cora, gratuita e online.
Se a empresa oferecer benefícios como vale-alimentação e plano de saúde, os valores também devem entrar no cálculo.
2. Identifique os custos que o profissional teria como PJ
Como pessoa jurídica, o profissional assume obrigações e custos, como:
- Impostos (variam conforme o regime tributário do CNPJ);
- Serviço de contabilidade mensal;
- Reserva financeira para férias, 13º salário e o equivalente ao FGTS.
Aqui também é preciso considerar se o profissional teria benefícios como vale-alimentação e plano de saúde no CLT. Se a resposta for positiva, inclua esses valores.
3. Compare os valores para entender o impacto financeiro
Ao colocar todos esses elementos lado a lado, fica mais claro se a troca de regime compensa (ou, no caso da empresa, se a economia é significativa o suficiente para justificar a contratação como PJ).
Uma dica adicional é usar simuladores e calculadoras para obter uma estimativa mais precisa, considerando todos os custos e benefícios envolvidos.
Nesse sentido, você pode usar a nossa Calculadora de Custo de Funcionário CLT, por exemplo, para simplificar os cálculos.
Leia também | Cálculo de salário PJ x CLT: como fazer e comparar as diferenças
Exemplo de como calcular salário CLT para PJ
Neste exemplo, vamos converter um salário CLT de R$ 4.000 (valor bruto) para PJ. Começamos achando o valor do salário líquido.
Cálculo do salário líquido + direitos e benefícios
- Salário base: R$ 4.000
- Descontos: R$ 512 (R$ 378 de INSS + R$ 133 de IRRF)
- Salário CLT líquido: R$ 3.487
Agora, vamos somar os demais direitos e benefícios do funcionário, em valores mensais:
- Férias + ⅓ de férias: R$ 444
- Décimo terceiro: R$ 333
- Vale-refeição: R$ 880 (sem desconto no salário)
- Vale-transporte: R$ 240 (sem desconto)
- FGTS (8% sobre o salário-base): R$ 320
- Total em direitos e benefícios: 2.217
Portanto, chegamos ao total de R$ 5.704 (salário líquido + direitos e benefícios). Esse é o valor médio que a pessoa recebe por mês como CLT.
E se a ideia é comparar os custos por modalidade, devemos acrescentar ainda o INSS patronal, pago pela empresa. Porém, esse tributo só é aplicado em empresas do Lucro Presumido e Lucro Real. Em regra, Empresas do Simples são isentas.
Soma dos custos como PJ
Agora vamos fazer o cálculo dos custos para ser PJ. Nesse caso, os gastos variam conforme o tipo de CNPJ e seu faturamento mensal.
Além dos impostos PJ, o prestador de serviço também deve contribuir para a Previdência (como autônomo). Dessa forma, direitos como auxílio-doença e aposentadoria são garantidos.
Exista ainda o custo da contabilidade, obrigatória para todas as empresas (exceto o MEI). Daí temos como custo da pessoa jurídica (valores estimados):
- Imposto Simples Nacional: R$ 360
- Contabilidade: R$ 120
- Total de custos: R$ 480
Comparação de valores
Somando o valor da remuneração total como CLT aos custos como PJ, temos: R$ 5.704 + 480 = R$ 6.184. Logo, esse é um resultado da conversão do salário CLT para PJ.
Em outras palavras, é o mínimo que o profissional teria que receber por mês como PJ para ter reservas e cobrir seus custos. Lembrando que é possível atender mais de uma empresa sendo prestador de serviço.
Leia também | Isenção do Imposto de Renda: o que muda para quem é PJ?
Além do salário: outros fatores para comparar CLT x PJ
Além do salário ou custo mensal de contratação, a escolha entre CLT e PJ deve considerar outros fatores.
Para o profissional, trabalhar como pessoa jurídica exige uma organização financeira maior. Afinal, é a pessoa quem fica responsável por compor reservas para tirar férias, cobrir emergências e “se pagar” um décimo terceiro.
Além disso, é preciso ter cuidado redobrado com o pagamento de tributos (como INSS e IRPJ), já que essa parte cabe ao profissional.
Outro detalhe: a rotina como PJ costuma ser mais flexível, porém menos estável, comparada à CLT. Isso pode ser ótimo para algumas pessoas e ruim para outras.
Já para a empresa, além de comparar o custo em cada modalidade, é necessário:
- Garantir que a contratação PJ não infringe as leis trabalhistas;
- Verificar se o modelo faz sentido para o tipo de atividade;
- Estabelecer um contrato de prestação de serviço transparente e alinhado às responsabilidades envolvidas.
Na dúvida, consulte uma contabilidade ou advocacia especializada para ter certeza de que a contratação PJ é possível e não caracteriza pejotização.
Converter salário CLT para PJ não é só um cálculo. Como vimos, essa análise envolve expectativas, planejamento e conhecimento das regras em cada modelo. Esperamos ter simplificado a comparação para você.
E fique à vontade para seguir aprendendo sobre gestão e finanças para empresas no blog da Cora. Até a próxima!