Saber como calcular juros compostos é importante tanto para pessoas físicas quanto para empresas.
Afinal, no dia a dia, seja para contratar crédito ou para fazer investimentos, é preciso compreender o funcionamento do cálculo dos juros, pois o impacto nas finanças, positivo ou negativo, é gigante.
Neste conteúdo, trouxemos um passo a passo prático para quem quer aprender a calcular os juros compostos. Você vai entender a teoria por trás da fórmula, ver exemplos e descobrir como usar esse conhecimento para tomar decisões financeiras mais inteligentes.
Vamos lá?
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Antes, o que são juros compostos?
Juros são a remuneração pelo uso de dinheiro emprestado ou investido ao longo do tempo. Ou seja, o valor adicional pago por quem toma dinheiro emprestado ou recebido por quem empresta ou investe.
Nos juros simples, o cálculo é feito sempre sobre o valor inicial, chamado de capital. Isso significa que, a cada período (mês, ano, etc.), os juros permanecem constantes, pois não se acumulam.
Já os juros compostos representam um modelo de capitalização em que os juros são calculados sobre o valor inicial (capital) e também sobre os juros acumulados em períodos anteriores. Por isso, são conhecidos como “juros sobre juros” e geram um crescimento exponencial do montante ao longo do tempo.
É este efeito que pode transformar um pequeno investimento em uma grande fortuna ao longo dos anos, ou fazer uma dívida pequena crescer rapidamente se não for controlada.
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Qual é a fórmula dos juros compostos?
A fórmula matemática para o cálculo dos juros compostos é a seguinte:
M = C (1 + i)t
Onde:
- M = Montante final: é o valor total que você terá ao final do período, somando o capital inicial mais todos os juros acumulados.
- C = Capital inicial: o valor com que você começa, seja um investimento ou uma dívida.
- i = Taxa de juros: representa o percentual de juros aplicado em cada período. É fundamental que a taxa seja convertida para formato decimal (dividindo por 100) e que sua unidade de tempo (ao mês, ao ano) seja a mesma do prazo da aplicação.
- t = tempo (em períodos): o número de períodos em que o capital ficará aplicado ou a dívida permanecerá ativa.
Para calcular apenas os juros acumulados, a fórmula é a seguinte:
J = M – C
Onde “J” representa o valor total dos juros ganhos ou pagos.
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Como calcular juros compostos na prática: passo a passo
Agora que você já sabe qual é a fórmula dos juros compostos, para fazer o cálculo corretamente basta seguir o passo a passo descrito abaixo:
1. Reúna os dados essenciais
- Identifique o Capital inicial (C);
- Anote a Taxa de juros (i);
- Tempo de aplicação (t).
2. Padronize as unidades de tempo
Este é um passo fundamental. Se a taxa de juros é mensal, o tempo também deve estar em meses. Se a taxa for anual, o tempo deve estar em anos. Caso sejam diferentes, você precisará converter um deles.
3. Converta a taxa de juros para decimal
A fórmula exige que a taxa esteja em formato decimal. Para isso, basta dividir o valor percentual por 100.
Exemplo: uma taxa de 5% ao mês se torna 0,05 (pois 5 ÷ 100 = 0,05). Uma taxa de 12% ao ano se torna 0,12.
4. Aplique os valores na fórmula
Substitua as letras C, i e t pelos números que você reuniu.
Exemplo prático: suponha um investimento de R$ 10.000 a uma taxa de 5% ao mês durante 6 meses.
C = 10.000
i = 0,05
t = 6
Cálculo:
M = 10.000 * (1 + 0,05)⁶
M = 10.000 * (1,05)⁶
M = 10.000 * 1,3401
M = R$ 13.401,00
5. Calcule o total de juros (se necessário)
Para saber quanto você ganhou ou pagou apenas de juros, subtraia o capital inicial do montante final.
J = 13.401,00 – 10.000,00 = R$ 3.401,00
Ferramentas para calcular juros compostos
Embora seja importante entender como a fórmula funciona, na prática, você não precisa fazer o cálculo manualmente sempre. É possível fazer o cálculo de juros compostos com auxílio de algumas ferramentas, como:
- Calculadoras online: diversos sites oferecem calculadoras de juros compostos gratuitas e fáceis de usar.
- Planilhas (Excel ou Sheets): use a fórmula VF (Valor Futuro) para calcular o montante final de forma rápida.
- Aplicativos de gestão financeira: muitos apps de bancos e corretoras já mostram a projeção de seus investimentos com juros compostos.
- Calculadoras financeiras: alguns modelos, como a HP 12C, são ideais para cálculos financeiros complexos.
Juros compostos na prática: simulação de investimento com aportes
A verdadeira magia dos juros compostos aparece quando combinada com aportes regulares. Isso acelera drasticamente o crescimento do patrimônio.
Imagine que uma empresa ou pessoa física decida fazer o seguinte investimento:
- Valor inicial investido: R$ 10.000
- Taxa de juros anual: 10% ao ano
- Aportes mensais: R$ 500
- Período: 5 anos (60 meses)
- Tipo de capitalização: Juros compostos com aportes mensais
Com os juros compostos e os aportes mensais, a evolução ano a ano deste investimento seria a seguinte:
Ano | Total investido | Juros acumulados | Montante final |
---|---|---|---|
1 | R$ 16.000 | R$ 1.200 | R$ 17.200 |
2 | R$ 22.000 | R$ 3.000 | R$ 25.000 |
3 | R$ 28.000 | R$ 5.500 | R$ 33.500 |
4 | R$ 34.000 | R$ 8.800 | R$ 42.800 |
5 | R$ 40.000 | R$ 12.500 | R$ 52.500 |
Como os juros compostos impactam as finanças das empresas?
Os juros compostos podem ser vilões ou grandes amigos de uma empresa. Vilões no caso de contratação de um empréstimo, por exemplo, com taxas de juros elevadas. Ou amigos no caso de investimento com bons rendimentos mensais.
Assim, é importante saber que os juros compostos ajudam uma empresa em casos como:
- Investimento de longo prazo: potencializa o retorno sobre o caixa da empresa e outras aplicações financeiras.
- Planejamento de reservas: acelera o crescimento de fundos de emergência, capital de giro ou reservas para futuras expansões.
- Valorização de ativos: como títulos públicos ou aplicações com reinvestimento automático dos dividendos.
E prejudicam uma empresa em casos como:
- Dívidas acumuladas: especialmente em cheque especial, rotativo do cartão de crédito corporativo ou empréstimos com parcelas atrasadas.
- Financiamentos mal planejados: podem gerar uma “bola de neve” de juros que sufoca o orçamento.
- Descontrole de fluxo de caixa: atrasar pagamentos a fornecedores que cobram juros compostos pode comprometer a liquidez da empresa.
Como usar juros compostos a favor da empresa?
Não é preciso ter medo de contratar crédito por conta dos juros compostos. Afinal, tomar crédito de maneira planejada e consciente é uma forma de realizar projetos importantes.
Em uma empresa, é um passo que pode, por exemplo, viabilizar a ampliação do negócio, a compra de equipamentos, uma reforma, formar o capital de giro, enfim, melhorias que serão benéficas.
Assim, para usar juros compostos a favor do seu negócio é preciso tomar as seguintes atitudes:
- Planeje e simule: simular cenários antes de contratar crédito ou investir é fundamental para entender o impacto financeiro a longo prazo.
- Busque crédito saudável: procurar sempre contratar crédito de forma consciente, com taxas de juros que caibam no orçamento e para fins que tragam retorno ao negócio.
- Reinvista os lucros: crie o hábito de reinvestir uma parte dos lucros em aplicações com juros compostos, transformando o sucesso da empresa em mais patrimônio.
- Priorize a quitação de dívidas caras: dívidas com juros compostos elevados, como as de cartão de crédito em atraso, devem ser a prioridade máxima de pagamento.
- Utilize ferramentas financeiras: monitore o impacto dos juros (tanto a favor quanto contra) ao longo do tempo com planilhas e softwares de gestão.
Agora você já sabe como calcular juros compostos e entendeu como eles podem influenciar as finanças da empresa e o orçamento pessoal, certo?
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Até a próxima!